quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O poeta pede a seu amor que lhe escreva


"Amor de minhas entranhas, morte viva, em vão espero tua palavra escrita e penso, com a flor que se murcha, que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte nem conhece a sombra nem a evita. Coração interior não necessita o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, tigre e pomba, sobre tua cintura em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura ou deixa-me viver em minha serena noite da alma para sempre escura."

Federico Garcia Lorca

2 comentários:

  1. Que chique!! teramigos intelectuais é isso que dá...beijos, saudades

    Elzinha

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  2. como resposta outro poema do mesmo:

    AR DE NOTURNO

    Tenho muito medo
    das folhas mortas,
    medo dos prados
    cheios de orvalho.
    eu vou dormir;
    se não me despertas,
    deixarei a teu lado meu coração frio.

    O que é isso que soa
    bem longe ?
    Amor. O vento nas vidraças,
    amor meu !

    Pus em ti colares
    com gemas de aurora.
    Por que me abandonas
    neste caminho ?
    Se vais muito longe,
    meu pássaro chora
    e a verde vinha
    não dará seu vinho.

    O que é isso que soa
    bem longe ?
    Amor. O vento nas vidraças,
    amor meu !

    Nunca saberás,
    esfinge de neve,
    o muito que eu
    haveria de te querer
    essas madrugadas
    quando chove
    e no ramo seco
    se desfaz o ninho.

    O que é isso que soa
    bem longe ?
    Amor. O vento nas vidraças,
    amor meu !

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